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sábado, 15 de maio de 2010

Minha Crônica

A Carta do Hífen:
A Resposta ao Acordo Ortográfico


Olá.

Eu sou o Hífen.

Antes de qualquer coisa, quero que o Trema saiba que vou sentir saudades dele, pois ele era um grande amigo. Pena que não pude ajudá-lo. Por outro lado, acho que o Trema está reclamando de barriga cheia. É verdade, ele foi para Europa – o que mais ele quer? E outra: ele ainda aparece por aqui com uma importância maior, em substantivos próprios!

Espero que o Trema entenda. Antes ele era comum. Hoje ele sai dessa argüição para ficar exclusivamente em Müller ou Bündchen, por exemplo. E ele ainda está na Alemanha, quer mais importância do que ser deveras conhecido em terras arianas? Aliás, não entendo como o cínico do U sentiu-se aliviado quando você se foi se era você que fazia com que ele aparecesse. Que ingratidão!

Deixemos o Trema para lá. Estou aqui para fazer algumas reivindicações. Como se já não bastasse ser confundido com o meu irmão mais velho – o intrometido do Travessão, que sempre toma a frente dos diálogos – e o estrangeiro internauta (insuportável) Underline (ele se acha, mas não sai do chão); agora também sou acusado de homofobia pelas letras I e O. Desculpem-me os casais gays formados pelos I’s e O’s, mas eu não sou homofóbico. Não é minha culpa separá-los.

Os países lusófonos parecem estar em crise, pois estão cortando muitos gastos. Eu perdi quase todos os meus empregos. Eu tenho família para sustentar! Eu ajudo ao meu irmão a criar nossos primos órfãos: os acentos gêmeos Agudo e Grave. O Agudo também perdeu muito dos seus empregos, nas paroxítonas abertas.

O que é isso? Será que a Língua Portuguesa ficará tão pobre quanto a Inglesa, que no passado roubou muitos dos radicais do pai da Portuguesa e de suas irmãs – o Latim? Aliás, gostaria de saber o que suas irmãs pensam disso. Línguas Espanhola, Italiana, Francesa... Suas frescas, não vão dizer nada?

Eu preciso dos meus salários!

O que mais me irrita é o fato de não me explicarem direito por que eu não separo “mandachuva” e “paraquedas” e o faço no “gurada-chuva” e “para-choque”. Eu e meu primo trabalhávamos juntos em paraquedas.

Ainda não estou totalmente desempregado no Brasil como o Trema, mas já estou com receio de que isso aconteça em breve, numa próxima reforma.

Odiamos essas reformas. Vou acabar criando uma greve junto com os acentos – aí eu quero ver como os lusófonos vão fazer para pronunciar direito. Eles sempre precisam do nosso apoio, mas agora não estão retribuindo como devem.

Sinto falta da época na qual éramos empregados à vontade, quando o Trema era freqÜente, o Agudo era o herói das paroxítonas abertas e o Circunflexo, o fenômeno das fechadas.

Bom, é isso. Espero que até 2012 vocês esqueçam esta reforma.

Até mais,

Hífen.

2 comentários: